TemaO livro COVID19 E A CRISE URBANA em seu viés geográfico dá centralidade ao fato de que vivemos numa sociedade urbana e mundalizada, campo fértil para a propagação do vírus em boa parte do planeta.No caso brasileiro, a epidemia vem agravar uma crise urbana vivida em sua radicalidade: a concentração de renda que acompanha a história brasileira se vê agravada pelo modelo neoliberal de desenvolvimento que tem rebatimento direto no modo como essa concentração hierarquiza a sociedade no espaço produzindo a cidade segregada (social e espacialmente), o que implicará no modo diferenciado como a pandemia vai se concretizar e evoluir atingindo diferencialmente a sociedade.Acompanhada de uma profunda crise política o drama social se vê multiplicado, no Brasil, pela contradição entre a política federal que privilegia o “direito ao crescimento” e as estratégias sugeridas pela OMS e, seguida em parte pelos governadores e prefeitos brasileiros, do “direito à vida”.O conflito entre as políticas federais e as estaduais e municipais escancaram a orientação dos gastos públicas submetidos pela lógica neoliberal que vem privando parte significativa da sociedade brasileira do direito à cidade que aparece hoje em seu avesso na precariedade impiedosa da vida periférica promovida pela incessante busca do lucro.A pandemia se instaura num urbano em crise, de enfretamentos políticos cujas alianças se fazem contra o social. À deriva, uma parcela da sociedade, presa nas periferias urbanas sem assistência e políticas de produção do espaço de uma vida digna, vai construindo estratégias próprias e solidárias de superar este momento. Esta aparece como a possibilidade de criar os laços que permitem construir um projeto de futuro em comum na cidade, recolocando a luta de classes num outro patamar: a solidariedade frente a barbárie.Realizado no “calor do momento” sobre um tema candente que nos aflige a todos, o livro traz, todavia, um debate conceitual sobre a compreensão da cidade e do urbano em crise, no Brasil. Autora:Vários Ano:2020